Capitulo. 6
I’M SORRY
*Barulho de respiração ao longe* O alerta do Ford Focus preto pisca fazendo estalos. Dhonna abre os olhos e encara o para-brisas empoeirado. As folhas voam carregadas pelo vento forte da manhã nublada. Rádio *Essa é uma boa notícia para quem quer curtir o fim de semana mais tranquilo* Ela muda a Rádio. *Metade das estradas dos EUA já foram liberadas, queremos liberar todas até o fim da próxima semana* Ela aumenta o volume. *Os casos da doença estão regredindo rápido, podemos respirar aliviados agora*
-Claro, aliviados- Ela liga o carro fazendo o motor tremer. Dhonna anda com o carro pela avenida deserta e abaixa para pegar um CD no porta luvas. Ela põe o CD na entrada que o puxa para dentro na hora. O tempo tem ficado instável, hora bom e hora ruim, os tons cinzas do céu se misturam ao cinza dos prédios ao longe e todos formam um mar sem cor. Ela encosta a cabeça no banco de couro e encara as grandes construções. *Twenty-five years and my life is still, Trying to get up that great big hill of hope... for a destination* Ela respira fundo e solta o ar pela boca, ela encara sua pele pálida pelo espelho do carro, seus olhos fecham e ela canta junto com a música. *And I say Hey! Yeah yeaah, Hey yeah yea, I said hey, what's going on? *
---
Karen está sentada na varanda com as pernas para cima da poltrona acolchoada. Ela segura um copo de café e encara os campos além da avenida Alasca. A varanda é aberta e menos de dois metros acima do nível da rua, toda de madeira e decorada com flores e velas em cúpulas de vidro. O vento balança seus cabelos soltos e faz seu moletom azul balançar. –Posso me sentar com você? – Cloe se aproxima de Karen e se senta em uma poltrona ao lado. –Às vezes fico me perguntando quando tudo isso vai acabar- Ela fecha o casaco.
Karen continua encarando os campos e responde sem olhar para a mulher de cabelos curtos e loiros. –As vezes eu me pergunto se um dia vai acabar- Ela continua a encarar os campos e dá mais um gole no café quente.
Cloe a encara. –Vai acabar, tem que acabar, é assim que as coisas são, a natureza arruma um jeito de aliviar as coisas quando se sente sobrecarregada... mas depois sempre damos um jeito de retomar o controle- Ela começa a encarar os campos vazios.
Karen respira fundo e desvia o olhar dos campos e passa a olhar para Cloe. –Vamos torcer para as coisas estarem melhores nos outros lugares- Ela dá mais um gole no café.
Cloe continua encarando os campos. –É, vamos torcer para isso- Seus cabelos balançam com o vento.
...
O facão desce com força sobre os legumes. Dhavilla está fatiando cenouras enquanto Lenna descasca batatas com Emma, as meninas brincam no quarto com Charlle e o restante das pessoas conversam nas mesas do café.
-Cuidado com o sal, querida, ainda vou temperar- Dhavilla diz observando Emma por sal na panela com água.
-Eu sei mãe- Ela mexe a água com a colher de pau. Alguém grita do lado de fora e todos vão para as janelas. Karen corre e desce até a rua.
-O que foi isso? –Ela pergunta a um homem que desce de um dos prédios com uma espingarda na mão.
Ele a encara e em seguida olha em volta. –Eu não sei, estava dormindo, acordei com o grito- Uma mulher vem correndo na direção deles, ela chora e está muito assustada.
-Uma daquelas coisas pegou meu marido! - Ela diz abraçando Karen. –Estávamos caminhando perto do porto e dois deles nos cercaram.
-Meu Deus- Karen leva as mãos a boca. –Eles estão começando a aparecer.
Cloe vai até ela. –Tinham bastante deles espalhados pelo campo antes de chegarmos até a horda. Eles devem ir chegando aos poucos até o bando chegar de vez- Ela encara a mulher assustada. Outra mulher grita quando mais um aparece na rua. Eles se afastam e encaram a coisa tropeçando nos próprios passos. O homem levanta a espingarda e aponta para a mulher que se aproxima deles.
-EU VOU ATIRAR- Ele treme com a arma nas mãos. –PARA TRAZ! EU ESTOU FALANDO SÉRIO- A mulher se aproxima até ficar a menos de três metros do homem, ele atira no peito da mulher a jogando no chão. As pessoas desviam os olhares. Todos gritam e falam ao mesmo tempo, estão assustados, mas o silêncio cai sobre todos quando eles encaram a mulher se levantando de novo. –Meu Deus- O homem diz se afastando. Ele dá mais um tiro que arranca o braço esquerdo da mulher com o impacto, ela continua de pé.
-SE AFASTEM! - Karen grita puxando pela blusa a mulher que chorava. O homem atira de novo, dessa vez o tiro pega no ombro direito fazendo seu corpo dobrar com o impacto.
-ELA NÃO MORRE- O homem grita recarregando a arma. Não dá tempo e a mulher o segura fazendo o homem gritar e cair no chão. Karen corre e segura a mulher por trás.
As pessoas encaram sem reação. Cloe e Tara correm até eles e tentam ajudar. Tara segura a mulher pelos cabelos e quase é mordida. Karen consegue tirar a mulher de cima do homem e a joga no chão caindo por cima dela. Oliver vem correndo do café com Clarck segurando uma faca, ele crava a faca nas costas da mulher que parece nem se importar com o objeto atravessando o seu corpo. Karen começa a chorar de desespero. –TIRA ELA DE CIMA DE MIM- Ela grita segurando o corpo da mulher com os braços. Cloe a joga no chão e sobe por cima dela, ela se corta com a faca cravada no copo na mulher. Um adolescente se aproxima correndo e atravessa uma barra de ferro no olho da mulher fazendo ela morrer instantaneamente. Eles respiram fundo, Karen se senta e leva a mão esquerda ao peito. –Estou bem- Ela diz tomando folego enquanto Oliver se aproxima.
Todos encaram a mulher caída no chão, seus lábios tremem em alguns espasmos e em seguida param. O clima é de terror, Karen desvia o olhar para o corpo e permanece sentada.
-ELE FOI MORDIDO! – Um homem grita se afastando do homem que atirou na mulher. As pessoas se afastam e o encaram.
Karen se levanta e vai até ele. –Está tudo bem- Ela o abraça.
-Não está- Ele chora ainda segurando a arma, -Se afasta de mim.
-Joe, calma, você vai ficar bem- Karen leva as mãos até o ombro do homem.
Ele desvia o olhar para as pessoas em volta que o encaram com pena e medo. –Boa sorte!
Joe aponta o cano da espingarda para o queixo. –JOE, NÃO! - O tiro sai arrancando parte do rosto de Joe e sujando Karen com o sangue. Todos gritam, Tara vai até Karen e a puxa para trás.
---
-Sou doador universal, ele precisa de sangue, qual é o problema nisso? – Noah bate na máquina de refrigerantes.
Madson vai até ele. –As coisas não são tão simples assim, você é menor de idade, não pode doar sem autorização dos seus pais- Ela pega o refrigerante de laranja que cai da máquina.
Ele se vira e encosta as costas na máquina. –Então vocês deixam ele morrer por causa de uma lei estúpida? Só pode ser piada- Ele sai andando.
-Noah! – Madson o chama. –Ele não vai morrer por causa disso, tem que confiar em mim- Ela o encara. Ele a olha e vira de costas voltando a andar para o fim do corredor.
Madson se apoia no balcão da enfermagem e respira fundo. O movimento no hospital se estabilizou. –Dia difícil? –Aron pega um pouco de café na máquina ao lado dela.
-Porque não me respondeu? Estava preocupada com vocês- Ela se vira e encara o corredor deserto.
-Levei a Tahisse para a maternidade desativada, os antibióticos não estão ajudando muito- Ele dá um gole no café. –Podemos nos ver mais tarde?
Madson se afasta do balcão. –Não estou com tempo! Noah trouxe um amigo para o hospital, tenho que conseguir outros antibióticos para Tahisse, enfim... estou sem cabeça- Ela desvia o olhar.
Aron vai até ela e põe a mão direita sobre o seu ombro. – Relaxa, não vai conseguir ajudar ninguém se você surtar.
-Eu sei, vou ficar bem- Ela entra no quarto de Troye.
Madson se aproxima de Noah. –Vem comigo. Quando comeu pela última vez? – Ela pergunta pegando uma bolsa se sangue vazia.
Ele a olha. –Sei lá, há umas sete ou oito horas.
-Ótimo- ela diz sentando ele na cadeira. –Tranca a porta, não deixe ninguém te ver- Ela vai em direção a porta do banheiro do quanto com Noah dentro. Ele encara seu sangue descendo pela mangueira transparente.
-Ei, Mad! – Ele a chama enquanto ela atravessa a porta, ela para de costas para ele. –Você disse que não podia fazer isso.
Ela volta a andar. –Eu passei a poder- Ela fecha a porta.
---
Dhonna entra em casa e se apoia no balcão da cozinha. Ela encara a mordida inchada em seu pescoço pelo espelho. –Droga- Ela diz para si mesma. Ela pega uma garrafa de Whisky no armário e dá quatro grandes goles direto da garrafa. –Agora sim- Ela diz indo até o quarto. Ela vai até o armário e olha suas roupas, um vestido vermelho chama sua atenção. Ela o pega e o põe sobre a cama. A banheira enche e ela põe três gotas que fazem a espuma cobrir toda a água. Dhonna respira fundo e deita com os cabelos presos. Ela dá mais um gole no Whisky. O dia está lindo agora, os pássaros voam pela janela, ela encara o céu azul o abraçando com os olhos. Ela começa a chorar, ela chora pela sua vida, chora por saber que não tem jeito. –Foda-se- Ela dá mais dois longos goles na bebida deixando o whisky descer pelo seu pescoço.
...
-Dhonna? – Andrew a acorda na banheira. –Onde estão as meninas? Esse é meu final de semana com elas- Ela o encara com a vista embaçada pelo sono. O homem alto de blusa social por dentro da calça cinza e gravata vermelha segura uma maleta de couro. –Dhonna? – Ele a encara e em seguida desvia o olhar para a garrafa de Whisky vazia tombada no chão.
-Elas não estão aqui- Ela se levanta completamente nua da banheira. Um pouco de sangue escorre do seu pescoço e desce pelos seus seios.
Andrew a encara assustado. –Meu Deus, o que aconteceu com você? – Ele diz passando uma toalha pelo corpo dela.
-Você não sabe? – Ela se encara no espelho e em seguida encara o ex-marido. –Eu vou morrer- Ela diz limpando a mordida com algodão.
Ele a segura quando ela ameaça cair no chão. –Você bebeu demais, vou te levar para a cama- Ele diz a pegando no colo.
-Está aí uma coisa que eu queria muito ouvir de alguém hoje- Ela ri encarando o rosto expressivo do homem alto de cavanhaque.
Ele a coloca na cama. –Eu vou te levar para o hospital- Ele diz pegando o celular no bolso da calça.
Ele é interrompido pelas mãos de Dhonna. –NÃO! – Ela diz segurando o braço dele. –Eles vão me matar lá, você sabe muito bem disso, não tem cura! – Dhonna se senta na cama coberta por lençóis brancos. –Eu não vou ser sacrificada como um animal doente! - Ela o encara. –Eu vou morrer do meu jeito! Com aquele vestido vermelho caríssimo, na minha cama... com uma boa garrafa de vinho- Seus olhos enchem d’agua. Ela desvia o olhar dos olhos de Andrew. –Vai embora- Ela encara a janela.
Andrew senta na cama. –Não pode me forçar a ir embora, porque eu não vou- Ele se deita ao lado dela e encara o lustre rustico. –Vou ficar aqui... e vamos tomar aquela garrafa de vinho que eu ganhei quando fui promovido- Ele a encara.
Dhonna sorri e solta algumas gargalhadas. –Eu escondi logo depois que você trouxe ela para casa- Ela ri.
-Você disse que tinha quebrado, botou a culpa na Giulia- Ele dá mais algumas gargalhadas. –Até hoje ainda não entendi o motivo de ter escondido a garrafa- Ele a encara.
Dhonna respira fundo e encara o teto de gesso. –Tinha acabado de descobrir o seu caso com a Mary, não acreditei que fosse um presente do seu chefe. Minha vontade foi quebrar mesmo... – Ela o encara. –Mas era uma garrafa de vinho tão cara... um desperdício- Ela sorri e volta a olhar para o teto.
-Eu me arrependo até hoje por ter estragado tudo- Ele diz olhando para ela.
Ela se vira e o encara de volta. –Ah Andrew, não estraga o momento, já superamos isso. Vai ser mais divertido morrer do que passar a noite te ouvindo pedir desculpas- Ela ri e se levanta.
Andrew se senta e a observa pôr o vestido. –Tem razão, sem drama- Ele se levanta e sai do quarto. –Vou abrir o vinho- Ele diz descendo as escadas.
---
Carol está andando pelas ruas do centro segurando um copo de cappuccino. Ela passa por uma banca de jornal. Seus cabelos ruivos voam com o vento, o sol está forte e a rua está cheia. Ela veste um short jeans, camiseta branca e uma blusa xadrez vermelha amarrada na cintura. Uma notícia chama sua atenção fazendo ela voltar a banca e tirar os óculos escuro. *África closes the doors to the world* (África fecha as portas para o mundo). Ela pega o jornal e se senta no banco em frente a banca velha de metal pichado. Os pombos preenchem parte do chão e crianças os espantam fazendo eles voarem juntos. *Considerado o maior foco do surto de febre vermelha depois da Ásia, a África fechou nessa madrugada todas as entradas do continente. Isolado do mundo o continente passou a emitir alertas nos principais países e declarou lei marcial em todo o território* -Meu Deus- Carol fecha o jornal e observa os carros passarem na rua.
Noah se senta ao lado dela. –Queria falar comigo? – Ele abaixa para amarrar o cadarço.
Ela o encara. –As coisas não estão normais entre a gente faz um tempo já- Ela volta a olhar para os carros.
-Não estão mesmo... e sinceramente, não sei se quero que voltem a ficar- Noah tira uma corrente do pescoço com um anel prata.
Carol continua encarando os carros. –O que aconteceu com a gente? – Uma lágrima desce pelo seu rosto branco com poucas sardas.
Noah se levanta e deixa a corrente com o anel no banco ao lado de Carol. –Eu não sei... - Ele sai deixando o cordão ao lado dela. –Desculpa- Ele diz de costas para ela.
Carol o observa virar a rua e chora baixo. Ela se levanta e passa as mãos no rosto secando as lágrimas. –Bom dia- Ela diz entrando na lanchonete.
-Ei- Maria vai até ela. –Você está bem?
Carol respira fundo amarrando o avental. –Eu vou ficar.
TV*-É perigoso e está se espalhando. Se você ainda não tomou sua vacina, garanta já a sua e a de sua família. Os casos de febre vermelha estão deixando centenas de cidades em estado de calamidade pública*
Carol escuta ao longe a notícia que passa na TV enquanto ela serve uma das mesas. –BATATA SUPREMA- A voz alta vem da cozinha.
Carol para no passa-pedidos aguardando. –Essa é sem molho- Ela diz ajeitando o avental.
A luz apaga fazendo os ventiladores ficarem lentos. –Spencer, o gerador não funcionou.
-Mas que merda, eu pensei que fosse me livrar dos apagões- Ele pega uma lanterna.
Ela vai até ele. –Instalou direito? Por que não deixou para os técnicos cuidarem disso?
Spencer a encara. -Cem pratas para eles conectarem dois fios?
-Pelo menos teríamos luz agora- Ela ri segurando a lanterna.
Ele desvia o olhar para a menina ruiva. –Estou gostando dessa intimidade, Carol... muito boa mesmo. – Ele a encara.
-Ok- Ela ri deixando a lanterna na mesa. –Vou voltar ao trabalho.
Ele pega a lanterna. –Melhor- Ele ri e depois balança a cabeça.
Um carro da fiscalização para na porta da lanchonete e em seguida três pessoas entram. –Posso ajudar? - Carol os recebe.
-Entregue isso ao dono, por favor- Uma mulher morena de cabelos cacheados entrega um papel para Carol.
Ela os encara. –Tudo bem. - Carol anda até o balcão vermelho iluminado apenas pela luz tímida do sol que entra pelas brechas das persianas atrás das mesas onde os clientes comem. Ela para em frente a caixa registradora e põe o papel. *Todo comercio está impedido de abrir a partir do dia vinte de dezembro de dois mil e quinze. Sujeito a perda do alvará de funcionamento e desapropriação do imóvel vigente no código 07.434-09 em prol de força maior durante prazo indeterminado. Fica expressamente proibida a entrada de funcionários e clientes, carga e descarga e qualquer funcionalidade não listada. Obrigada pela compreensão. Suzzan Aquiles, governadora de Nevada. *
-O que é isso? - Spencer para ao lado de Carol e os outros funcionários que leem o documento.
A luz volta fazendo os ventiladores e as TVs ligarem. –O pessoal da fiscalização deixou aqui.
Spencer pega o documento. –Só pode ser piada, estamos em alta temporada.
Alguém abre a porta da lanchonete fazendo o sino tocar. O jornaleiro entra deixando uma pilha de vinte jornais em cima do balcão. Spencer o encara. –Valeu Phill, acerto com você no final de semana.
Lizza, outra garçonete vai até a pilha de jornais e pega um. A capa do jornal, um homem que cambaleia em um parque na Califórnia ganhou destaque mundial e tomou o topo dos assuntos. *The Deads walk* Ela encara a foto e em seguida abre o jornal passando as páginas até chegar a página da notícia. *Agressivo, homem se levanta depois de ser declarado morto em um acidente. O homem identificado como Austin Calliano foi declarado morto após a chegada das equipes médicas minutos depois do acidente grave entre o carro e um ônibus de viagem. Poucas pessoas se feriram, Austin foi levado pelos paramédicos e teve que ser amarrado após morder duas pessoas as deixando em estado grave. Ainda não sabemos o motivo do comportamento, os paramédicos disseram nunca terem visto algo do tipo. Exames serão realizados para saber se Austin teria ingerido algum tipo de droga que possa ter se misturado ao estresse e adrenalina e posteriormente causado o que os especialistas chamam de choque grave, quando uma pessoa perde totalmente os sentidos se tornando momentaneamente instável. * -Essa é da boa- Lizza ri colocando o jornal de volta ao lugar. Um noticia chama a sua atenção e ela aumenta o volume da TV*-Pode ser alguma variação da raiva. Não é possível as pessoas estarem desenvolvendo os sintomas tão rapidamente. Todos os envolvidos no acidente na Califórnia foram localizados e vão ficar em quarentena até sabermos melhor como desenvolve e como foi passado de uma pessoa para outra*
-Cada dia uma merda diferente para nos foder- Spencer diz assistindo a matéria.
Carol o encara. –Parece ter sido sério- Ela tira o avental. –Vai precisar de mim para mais alguma coisa?
-Não, pode ir-Ele apaga a TV. -Chega mais cedo amanhã, vamos contar o estoque.
Ela pega sua bolsa atrás do balcão e caminha em direção a porta. –Ok. Até amanhã.
...
-Oi mãe- Carol entra na casa e põe a bolsa em cima da mesa de centro.
Callie vai até ela e a beija na testa. –Oi querida.
-Onde vai?
-Vou buscar seu irmão no aeroporto.
Carol se senta no sofá de tecido marrom. –Meu pai não ia buscar ele?
Callie respira fundo. –Como se o seu pai cumprisse com o que fala- Ela desvia o olhar para Carol. –Desculpa querida, eu não devia ter dito isso.
-Tudo bem, ele nunca cumpre mesmo.
Callie vai até ela. –Ei, seu pai é um homem incrível e ama vocês. Não deixe que meus problemas com ele interfiram na relação de vocês.
Carol respira fundo.
-Não sai de casa. Está impossível andar na rua com esses apagões.
---
-Não entendo- Tara anda de um lado para o outro na varanda do café. –Porque ela não morria? – Ela encara Karen assustada.
-Eu não sei- Karen prende os cabelos com um rabo de cavalo. –Você viu os tiros? Ele atravessou o tórax dela- Karen se levanta e vai até a sacada.
Dhavilla vai até elas segurando uma bandeja com café e xícaras. –E se todos forem assim? Não teremos a mínima chance- Ela põe a bandeja sobre a mesa de centro ao lado de uma palmeira. –Podemos tentar pelas montanhas- Ela se senta suspirando e olhando para as pernas inchadas.
-Vamos morrer congelados em dois dias se tentarmos subir as montanhas- Lenna segura Lisa no colo. O clima é de angústia, ninguém sabe o que está acontecendo ou o que vai acontecer e a real possibilidade de um confronto os assusta como se um tsunami estivesse vindo na direção deles. O clima está gélido, um nevoeiro forte desceu as montanhas. As ruas estão brancas pela névoa densa. Um tiro é disparado fazendo Karen tremer na sacada da varanda.
-Está ficando cada vez pior- Lenna diz entrando com Lisa.
Alisson desce as escadas com os cabelos ruivos molhados, ela está segurando uma toalha e massageado os cabelos de baixo para cima. –Gente, liguem a TV no canal 8- Ela diz se sentando em uma das poltronas. Lenna pega o controle remoto e liga a TV.
*-Famílias inteiras que visitavam o continente Africano estão impedidas de voltar para casa, estamos com a estudante Alicia em uma chamada de vídeo agora. Alicia, nos conte o que está acontecendo aí- A câmera da jornalista da entrada ao vídeo de Alicia sentada na cama com os olhos inchados e rosto vermelho. –Quero voltar para casa- Ela diz soltando o choro. –As pessoas enlouqueceram aqui. Tem um surto de um tipo de vírus, não sei muito bem, mas não é a febre vermelha. Seja lá o que passa na TV de vocês, não está passando o que realmente está acontecendo- A câmera volta a filmar a jornalista. –O que está acontecendo aí Alicia? – Ela fica aguardando a resposta. –Alicia? – Ela encara o cinegrafista e balança a cabeça em um gesto de querer saber o que aconteceu. –Perdemos o contato? – Ela pergunta mais baixo afastando o microfone do rosto. Ela pressiona o retorno no seu ouvido e ouve alguém falar com ela, ela leva o microfone de volta a boca –Infelizmente a ligação caiu, tentaremos contato com alguém de novo e em breve voltaremos com mais notícias*
Lenna muda o canal, mas a maioria só transmite comunicados de emergência. As poucas emissoras que ainda funcionam, passam programas repetidos, nada mais está sendo gravado.
---
-Noah! – Madson se senta ao lado dele. –Chega! Você está fraco- Ela diz colocando a mão na bolsa cheia de sangue O negativo.
Ela é interrompida por Noah. –Estou bem- Ele diz segurando a mão dela. –Está tudo bem- Ele vomita ao lado da cadeira.
Ela lacra a bolsa de sangue. –Não vai adiantar nada se você acabar precisando de sangue também- Ela se abaixa ao lado dele. –Você já fez o que pode, vai comer alguma coisa- Ela se levanta. –Segura isso aqui- Ela diz encaixando a mangueira de soro na agulha em seu braço. –Você vai se sentir melhor agora- Ela o abraça e sai do quarto com a bolsa de sangue nas mãos.
Noah vai até o banheiro e lava a boca. –Droga- Ele diz se ajoelhando ao lado do vaso. Ele se levanta e lava a boca de novo.
O corredor está vazio. Algumas vozes são ouvidas ao longe dentro das alas. Ele caminha pelo corredor arrastando o ferro com o soro até chegar em uma máquina de refrigerantes, ele coloca uma nota de 1US$ e escolhe uma Coca-Cola. Ele espera. A máquina treme, mas a lata não desce. –Qual é! - Ele aperta o botão diversas vezes e nada. –Merda- Ele chuta a máquina e em seguida escuta dois médicos conversando.
-Os hospitais daqui vão ser evacuados para a Geórgia- Eles caminham na direção da máquina, Noah se esconde. –Acho que tem alguma coisa a ver com o surto da África, pensei que já tinha acabado- Eles se aproximam. –Não entendo, se já está no ponto de evacuar os hospitais, porque as estradas estão sendo liberadas? – Eles passam pela máquina. –Sei lá, talvez seja algum tipo de protocolo- Eles passam por Noah que está escondido atrás de uma porta. Ele sai e fica ao lado da máquina encarando os dois homens andando pelo corredor. A máquina começa a tremer e cospe várias latas de refrigerante quebrando o silencio e assuntando Noah.
...
Ele corre pelo corredor. –MAD- Ele entra no quarto onde Madson checa a pressão de um idoso.
-Oi, só um minuto- Ela diz com o estetoscópio no ouvido olhando o marcador enquanto a bolsa de ar murcha no braço do homem. -13 por 8- Ela sorri. –Foi só um susto, qualquer coisa é só gritar, estou no fim do corredor- Ela diz saindo do lado da cama e indo em direção a Noah. –O que foi? – Eles saem do quarto e começam a andar em direção ao quarto de Troye.
-Eu estava pegando um refrigerante, ouvi dois homens conversando- Ele a encara. –Eles falaram que o hospital vai ser evacuado- Ele encara Troye pela janela do quarto.
Madson o encara. –Tem certeza que ouviu certo?! –Ela observa o corredor. –Não estou sabendo de nada- Ela desvia o olhar para Noah.
-Tenho, eu ouvi, os hospitais vão ser evacuados para a Geórgia- Ele continua a encarando. Madson se vira e começa a andar. -Onde você vai? – Noah pergunta ainda parado em frente à janela de vidro larga.
-Preciso falar com uma pessoa- Ela diz sem olhar para trás.
...
Madson entra apressada na maternidade desativada. –Aron? – Ela encara o quarto com iluminação baixa. –Aron? – Ele se levanta do sofá.
-O que foi? – Ele pergunta indo até ela.
Madson vai até Tahisse e a encara pálida e desacordada. –Vão evacuar os hospitais- Ela diz se sentando no sofá.
Aron vai até ela. – Eu ouvi sobre isso semana passada, achei que fosse demorar mais- Ele se senta também.
-Porque vão fazer isso? Digo, as coisas voltaram ao normal- Ela encara o copo de café vazio tombado no chão cinza.
-As coisas não voltaram ao normal, Mad, estão piorando- Ele se vira para ela. –Vem comigo- Ele se levanta e segura na mão dela.
Eles caminham até o fim do corredor e entram no corredor do necrotério. Eles continuam andando até chegarem a porta por onde Madson e Tahisse fugiram. –Vou abrir, tudo bem? – Ele a encara.
-Esse é o pátio onde cremam as roupas de cama- Ela o encara sem intender o porquê de estarem ali.
Ele leva as mãos a maçaneta e respira fundo. –Eles não estão cremando só roupas de cama aqui- Ele abre a porta verde de duas folhas.
-Meu Deus- Madson leva as mãos a boca encarando os milhares de corpos enrolados em lençóis brancos. Corpos de todos os tamanhos, pequenos como bebês, do tamanho de crianças e adultos. É possível ver o cabelo de alguns deles saindo pelo lençol mal colocado. Ela bloqueia o nariz com a mão direita. O cheiro forte de carne podre misturados com o cheiro de carne queimada e produtos químicos fazem Madson entrar de volta para o necrotério.
-O que vamos fazer com a Tahisse? Eles vão matar ela- Ela diz encarando os mortos amontoados em diversas pilhas e alinhados no chão- Aron fecha a porta deixando a sala escura.
-Vamos dar um jeito, ok? – Ele a abraça.
...
Noah encara a rua pela janela do quarto. Vários helicópteros passam por cima do hospital sentido ao centro da cidade. –O que está acontecendo? - Ele pergunta para si mesmo. Um grito de uma mulher que passa correndo pela pista entra no quarto abafado pelo vidro. Ela corre segurando uma bolsa. Ele continua encarando, mais duas pessoas passam correndo, Noah começa a ficar assustado. Alguns gritos são ouvidos ao longe e um homem passa correndo com uma criança nas costas. Um carro bate no poste com força fazendo ele cair arrebentando os fios. Ele se afasta da janela assustado quando diversas pessoas começam a passar correndo pela pista de quatro vias. Um barulho ensurdecedor faz Noah levar as mãos ao ouvido. Um clarão invade o quarto e o impacto faz o hospital tremer jogando ele no chão. Ele tenta se levantar, seus ouvidos estão zunindo, ele mexe o maxilar e pisca os olhos com força, sua cabeça dói, ele vê pessoas correndo pelo corredor. O teto de gesso racha deixando descer fios de poeira branca, a luz se apaga. –MAD! – Ele se levanta e anda até a porta do quarto. Outra explosão abala a estrutura do hospital, os corredores se enchem de poeira.
Um médico entra no quarto. –Temos que tirar vocês daqui- Ele diz puxando a maca de Troye.
...
Madson acorda e encara o teto iluminado pelo fogo, ela está tonta. Ela se vira e olha para Aron caído ao lado dela. –Aron... ei- Ela o balança. Sua cabeça dói. –Aron? Acorda- Ela vira a cabeça dele e encara seus olhos abertos e sem vida. Sua cabeça sangra. –Não, meu Deus por favor, não- Ela começa a chorar. Ela se arrasta até ele ainda chorando. Ela parece não acreditar no que vê. O sangue da cabeça de Aron forma uma poça em volta dele, Madson se suja enquanto tenta o reanimar, ela chora alto e grita batendo no peito dele. –Aron, por favor- Ela continua. Seus cabelos loiros descem pelo seu rosto vermelho pelo choro, ela leva as mãos sujas de sangue a cabeça, ela treme, o balança, checa seu pulso e em seguida o abraça. –Eu sinto muito Aron- Ela o abraça mais forte, suas lagrimas descem em meio a soluços longos e constantes. Ela fecha os seus olhos com as mãos sujas de sangue e encara a porta.
Ela se levanta e anda até a porta encarando o corredor bloqueado pelo fogo. –ALGUÉM? - Ela grita. –ALGUÉM ME AJUDA- Ela tosse, a fumaça começa a encher todo o ambiente. Ela olha para o outro lado do corredor e encara uma porta com um desenho de uma escada.
...
-ESPERA- Noah segura o homem. –CADÊ A MADSON? - Ele pergunta.
O médico volta a andar com a maca. –Não sei, temos que sair daqui- Ele diz desviando os olhos de Noah para uma mulher que passa correndo.
-Ela pode estar aqui dentro ainda, não podemos ir- Ele para. O médico continua a puxar a maca. –Espera, ela ainda está aqui- Ele tenta segurar o homem de jalecos que não o olha. –Está me ouvindo?
O médico respira fundo e o encara. –Dê seu jeito então!- Ele diz largando a maca e começando a correr pelo corredor.
-COVARDE- Noah treme encarando Troye desacordado e em seguida olhando o corredor com as luzes piscando, o cheiro de queimado já preenche todo o ambiente. –MAAAD- Ele grita empurrando a maca pelo corredor que agora já está coberto por uma mistura de fumaça e poeira.
...
Madson sobe as escadas e tropeça em um dos degraus, somente as luzes de emergência vermelhas iluminam as escadas de incêndio. Ela abre a porta do A5 (quinto andar) e encara a turbina do Boeing 777 ainda rodando dentro do hospital. Metade do hospital foi totalmente destruído junto com parte do bairro com a queda do avião com 342 passageiros. O som da turbina é ensurdecedor e faz Madson recuar. Ela olha em volta e observa as paredes caídas. Uma coisa chama a sua atenção, uma mulher se levanta. –Não se mexe! Eu vou te ajudar- Ela entra no andar devastado e aberto pelo avião e corre na direção da mulher. Ela olha em volta e observa dois homens se levantando ao lado. Alguma coisa mexe em seu pé, uma mulher esmagada por uma parede tenta puxar sua perna, seus olhos estão brancos. Madson olha em volta e repara nos sobreviestes que cercam ela aos poucos –Meu Deus- Ela diz quando percebe o que está acontecendo. –Merda- Ela tenta recuar e bate em uma criança que tenta morder sua cintura. Ela desvia e bate em uma mulher que estica os braços para agarra-la. Ela se vê sem saída e fecha os olhos. Três tiros a assustam, ela olha para trás e encara o policial, ao lado dele Tahisse tenta se manter de pé.
-VAMOS- Ele grita. Madson corre e põe o braço de Tahisse sobre seu ombro e a ajuda a andar, o policial fecha a porta e eles descem as escadas.
-MAAAAD- Noah grita cobrindo o rosto com a blusa.
-AQUI- Madson grita indo até ele. –Graças a Deus- Ela o abraça.
Madson olha em volta e encara os corredores. –Precisamos sair do hospital- Ela puxa a maca e entra no corredor que vai até o refeitório.
-Ah Madson, que bom que você está bem- Sarah a abraça. –Eu trouxe todos que estavam na pediatria para cá, tentei sair do hospital com eles... aquelas coisas estão por todo o lugar- Ela diz fechando a porta. –E Aron? – Ela pergunta encarando Madson. Seu rosto muda quando Madson balança a cabeça em sinal de não e em seguida chora. –Vem cá- Sarah a abraça de novo.
Madson limpa os olhos com o jaleco. –Onde estão todos? – Ela pergunta desabotoando o jaleco sujo de sangue.
-Foi tudo muito rápido- Sarah diz se sentando ao lado de uma garotinha sem os cabelos. –Não vi sobreviventes da UTI para trás, morreram todos, demos sorte- Ela diz dando um gole no suco. –Só fui saber que foi um avião quando vi uma daquelas coisas vestida de comissária de bordo comendo um paciente. Eles se espalharam rápido caindo de um andar para o outro pelos buracos que os destroços fizeram- Ela se levanta.
Noah pega um pouco do suco. –Tem alguma outra saída?
-Se conseguirmos atravessar o corredor, podemos ir pelos leitos três e quatro até a saída lateral- Madson diz olhando pelo vidro da porta.
---
-Ei sra. Anderson, é o hospital da Madson- Anna diz olhando o noticiário.
Wanda corre e pega o controle aumentando a televisão. *Um avião comercial fez um pouso forçado destruindo parte do hospital estadual de Las Vegas. As equipes de socorro foram enviadas e o exercido está cercando o local, ainda não se sabe o motivo que levou o piloto Liam Danavan de cinquenta e seis anos pousar em uma área movimentada. As buscas pela caixa preta irão ser iniciadas logo após a busca por sobreviventes* -Anna, vamos- Ela diz abrindo a porta da casa.
...
Wanda chega até o cordão de isolamento feito pelo exército e encara o hospital em chamas. Ela entra em desespero. –ALGUÉM VIU MINHA FILHA? – Ela olha em volta, centenas de pessoas estão sendo atendidas por médico do exército e colocadas nos helicópteros. -MADSON- Ela grita ainda olhando em volta. Ela vai até uma mulher que segura uma lista de sobreviventes. –Por favor, Madson, Madson Anderson- Ela pergunta para a mulher que começa a ler a lista procurando o nome.
-Eu sinto muito- Ela diz encarando Wanda.
---
-Vamos agora- Madson diz abrindo a porta de duas folhas com janelas de vidro. Ela desvia de uma maca que está tombada no corredor, alguns fios desencapados descem do forro e soltam faíscas com intervalos de alguns segundos iluminando as paredes brancas com listras azuis e vermelhas. –Em silêncio- Ela diz olhando para as crianças que encaram os corpos no chão assustadas.
Madson sai acompanhada pelo policial que segura a pistola apontada para frente e logo atrás Noah empurra Troye na maca de ferro pesada, as rodas fazem um barulho agudo pelo chão marcado de pegadas de sangue. As crianças vão de mãos dadas e por último Sarah. O corredor está coberto por fumaça branca e poeira.
Alguns mortos começam a aparecer saindo das alas da enfermagem. –DROGA- Madson grita quando um deles estica os braços pela janela fazendo ela se jogar na parede. Em seguida alguns começam a sair das alas e Madson empurra um deles contra a parede para abrir caminho para o grupo. –RÁPIDO, ENTREM AQUI- Ela diz encarando o corredor dos leitos. Eles correm e entram, Madson fica para trás e empurra um deles para o chão. –SÃO MUITOS- Ela diz encarando o policial que põe Tahisse desacordada no chão frio. Ele começa a atirar, o barulho dos disparos ecoa alto pelo corredor fazendo todos levarem as mãos aos ouvidos. –RAPIDO SARAH- Ela diz olhando Sarah tentando pôr o código na porta. Ele atira mais algumas vezes e Madson continua empurrando, uma das crianças grita.
-Meu Deus- Sarah diz para si mesma. –MADSON- Ela grita. Madson vira para trás e encara sua amiga. Tahisse está se levantando, seu maxilar se mexe para os lados, seu cabelo pende pelo seu rosto pálido e frio. Ela treme em espasmos musculares sem fim, mais faíscas iluminam o corredor destacando os olhos brancos e mortos de Tahisse.
-Não Tahisse... você não- Ela diz deixando algumas lágrimas descerem. Ela perde o foco ficando alheia a situação, seus braços ficam fracos e o homem de olhos brancos se solta dos braços de Madson indo em direção ao seu corpo em choque.
-MAD- A voz de Noah ecoa pela cabeça dela enquanto o homem morto se aproxima de seu pescoço. –MAD- Ele corre na direção dela. Tahisse começa a se aproximar, ela geme, abre e fecha a boca mexendo o maxilar. O policial atira na cabeça do homem faltando menos de 2 centímetro da boca dele para o pescoço dela. Ela desperta a tempo de se defender de Tahisse
–AAAAAAAAAAH- Madson grita empurrado Tahisse na parede. Sarah abre a porta e as crianças entram. Noah deixa Troye perto das crianças e volta para ajudar. Os tiros cessam e o policial é segurado pela perna caindo no chão, ele grita quanto os mortos começam a subir por cima dele arrancando partes do seu corpo com mordidas fortes. O sangue espirra sujando as pernas de Madson que encara o homem sendo devorado no chão sem poder fazer nada.
-MAD- Noah grita puxando Tahisse pelo pescoço jogando ela no chão –Não podemos ajudar- eles se abraçam. –Eu sinto muito- Ele diz encarando Tahisse. Eles correm e entram no outro corredor onde Sarah tenta abrir outra porta. –Droga- Ele diz quando repara que a porta não fecha por dentro. Eles estão encurralados, de um lado os mortos caminham em direção a eles e do outro Sarah tenta abrir a última porta que separa eles da recepção.
-NÃO VAI DAR TEMPO- Sarah grita tentando pôr o código na porta –A PORTA DESSE CORREDOR SÓ TRANCA POR DENTRO, ESTAMOS CERCADOS- Madson olha em volta e encara as crianças chorando no chão, ela observa Noah correr até Sarah e depois olhar para ela com o olhar assustado, tudo se passa em câmera lenta, os ouvidos dela começam a zunir. Ela encara Sarah chorar na porta tentando desenfreadamente acertar o código, ela desvia o olhar para o corredor onde dezenas de mortos se arrastam na direção deles. A respiração dela é a única coisa que ela consegue ouvir, seu coração bate forte em sintonia com seus pensamentos confusos. Ela caminha até a porta que divide um corredor do outro.
Noah a encara, ele se levanta quando ela atravessa a porta e se vira para eles. –MAD? – Ele começa a andar em direção a ela. –MAD! NÃO! – Ele começa a correr, Sarah a encara.
-Boa sorte- Madson aperta o botão fazendo a porta do corredor fechar. Ela observa Noah correr em sua direção. –Eu sinto muito! Vou dar uma chance para vocês- As lágrimas descem pelo seu rosto branco, seus cabelos loiros estão presos, alguns fios descem pelo seu ombro. –Vocês não vão morrer aqui!
-NÃAO- A voz dele fica distante, ela sorri e é completamente escondida pela porta que tranca fazendo um estalo alto.
-NÃO, NÃAAAAO, POR FAVOR- Ele grita batendo na porta, ele chora e desce ao chão. –Mad.
Madson leva as mãos a porta e chora encostando a testa no metal frio da porta de divisão.
Todos encaram Noah bater na porta, as crianças choram baixo. Sarah treme levando as mãos à cabeça. Tudo fica com fuso, Sarah abre a porta e a luz da recepção preenche os olhos de todos. Eles abrem a porta do hospital e várias pessoas correm até eles, Wanda sorri quando vê as crianças saindo com Noah, ela corre até ele e o abraça. –Graças a Deus- Ela diz desviando o olhar para a porta esperando Madson sair. A cada criança que sai o coração de Wanda bate mais forte, seu sorriso vai dando lugar a uma feição séria até ser totalmente substituído por um rosto frustrado com olhos paralisados e brilhantes. Sarah sai e fecha a porta, Wanda encara Noah que chora e a abraça.
-Eu sinto muito- Ele diz a abraçando forte. –Me desculpa- Ele chora. Wanda desvia o olhar para porta do hospital ainda sem reação.
Noah chora ao fundo, Wanda se aproxima do hospital e é segurada por um dos soldados. –Não... ela ainda está lá dentro, certo? – Ela pergunta olhando para Noah que abaixa a cabeça. –Temos que entrar lá... temos que ajudar minha filha a sair- Ela diz com a voz rouca e fraca pelo choro que começa a dominar a mulher em choque. –Vocês não estão me ouvindo? Minha filha ainda está lá dentro! – Ela se debate tentando se soltar dos braços do homem que a segura. Os tanques de hidrogênio explodem fazendo a parte da frente do hospital ceder. Wanda cai de joelhos no chão. –MADSON- Ela grita sendo segurada pelo homem enquanto a poeira invade a rua como uma névoa que desce a montanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário